À semelhança do que tinha
acontecido há cerca de três anos atrás, a Câmara Municipal de Serpa realizou,
durante os meses de Setembro e Outubro, reuniões em várias freguesias e
localidades do conselho para definir prioridades de investimento para o ano
2008.
Na reunião em que estivemos
presentes (freguesia de Salvador) observámos que foi distribuído aos
participantes uma folha com uma lista de tópicos, bastante genéricos, sobre os
quais a população tinha que se pronunciar. Estavam presentes cerca de 50
pessoas. A reunião durou aproximadamente hora e meia.
Foram colocadas várias questões: sobre
o alargamento da zona de actividades económicas da cidade; sobre os apoios á
construção de um novo lar para idosos; sobre problemas de escoamentos de águas;
sobre dificuldades de estacionamento nalguns locais; sobre a recolha dos lixos e
a insuficiência de postos de recolha de lixo reciclável; sobre a manutenção dos
espaços verdes; sobre a utilização das infraestruturas desportivas por parte da
população, etc...
Nada foi dito sobre políticas de
habitação social e nada consta no plano de investimento para 2008 sobre isso.
Ora sabemos que o alojamento para pessoas carenciadas e para casais jovens é um
problema no concelho e que ninguém assume a sua resolução.
Nada foi avançado sobre o que a
Câmara tenciona fazer para a dinamização do centro histórico, que está cada vez
mais desabitado; sobre o apoio à educação – e sabemos que as competências das
autarquias neste domínio são cada vez maiores; sobre o apoio ao associativismo,
sobre a semi-privatização da água – para este assunto, tão essencial para a
população, não foi preciso fazer nenhuma consulta popular! E até sobre a
possibilidade de integração das sugestões feitas pelas pessoas no orçamento
participativo.
Os resultados ficaram aquém das
expectativas. Certamente faltou, no início, uma explicação acerca do que o
executivo pensa fazer em cada uma das áreas listadas – se é que podemos falar
em áreas! Faltou também um incentivo ao diálogo. Algumas observações dos
participantes foram acolhidas com ironia. Por vezes tínhamos a sensação de
estar numa sessão de faz-de-conta, onde os membros do executivo presentes
estavam a fazer um duro sacrifício para ouvir da população sugestões ou críticas
sobre o que não estava bem…
É de louvar a intenção desta
consulta e a implementação de medidas que impliquem cada vez mais os cidadãos
na gestão do município – sem sombra de dúvida, uma prática que defendemos. Esperemos
é que isto não fique no plano das intenções e que não tenha sido feito só
porque parece bem…
Vamos aguardar a próxima etapa e
o ano 2008: é preciso ver para crer…
Guida Ascensão
Núcleo de Serpa do Bloco de Esquerda
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