Ao iniciar a escrita da primeira crónica no “Correio Alentejo”, no último dia deste Inverno chuvoso, dou-me conta que se completam hoje sete anos sobre a invasão do Iraque, esse crime longamente premeditado por Bush & Blair, com pré-aviso oficial na cimeira da mentira nos Açores.
Fernando
Ruas defende que cada município é livre e "saberá a quem se quer associar
e em que condições".
A proposta da empresa Águas de Portugal para resolver os
problemas de abastecimento de água de norte a sul com um sistema integrado,
desde a captação até à torneira do consumidor, conta com a oposição do
presidente da Associação de Municípios do Algarve (AMAL), Macário Correia,
por achar que se trata de "um monopólio" que se vai traduzir em
"mais custos para os cidadãos".
As escolas estão em polvorosa. Os
professores estão indignados e, em conformidade, manifestam-se duma forma nunca
vista. Algo de muito grave tem de estar a acontecer para que docentes não
sindicalizados, normalmente afastados de disputas políticas ou sociais, venham
agora para a rua dizer em alto e bom som que estão fartos das políticas
educativas de Sócrates e da sua ministra Maria de Lurdes Rodrigues. E o que
neste momento está a acontecer é a tentativa do Governo impor um sistema de
avaliação de professores que, numa análise muito sumária, padece de três grandes
males, a saber: Foi lançado de forma trapalhona; Apresenta uma calendarização
de implementação impossível de cumprir e não visa melhorar a qualidade do
ensino e premiar os melhores professores, mas tão só evitar, independentemente
do mérito de cada um, que cerca de dois terços dos docentes alcancem o topo da
carreira.
Os caminhos da democracia portuguesa,
conquistada na rua pelo povo português nos meses a seguir ao golpe de Estado de
25 de Abril de 1974, têm tido muitas curvas e contracurvas. De facto, raras
foram as ocasiões em que a democracia económica e social acompanhou a democracia
política. Resultado: o regime democratizou-se na forma, mas oligarquizou-se na
substância com diferenças cada vez mais gritantes entre privilegiados e não
privilegiados. Nunca como hoje as assimetrias entre ricos e pobres foram tão
marcadas na sociedade portuguesa.
No seguimento das suas políticas
de esvaziamento do funcionamento democrático das escolas, o Governo colocou
recentemente à discussão pública um projecto de Decreto-Lei sobre a futura
“governação” dos estabelecimentos de ensino que, a entrar em vigor tal como
está, representa o fim da gestão democrática na escola pública portuguesa, uma
conquista de professores, alunos e funcionários no período subsequente ao golpe
militar de 25 de Abril de 1974.
Por ironia dum destino cruel, Paulo Portas já não é
ministro do Mar nem da Defesa. Em 2002, um milagre de Fátima tirou-lhe a
hipótese de combater a maré negra do Prestige; em 2004, deu uma amostra
da sua raça ao enviar a Marinha contra o barco das Women on Waves – ganhou a “batalha
naval” mas perdeu a guerra no referendo ao aborto, o acontecimento deste ano de
2007. E ontem perdeu a oportunidade histórica de demonstrar todo o seu génio
militar no combate aos 23 mouros que invadiram a Culatra, oriundos de Marrocos –
qual quinta-coluna dos infiéis, projectando a reconquista da Península para aqui
restaurar o Al-Andaluz… e o Al-Gharb.
O discurso da
humanidade, da solidariedade e da generosidade para com África, que não deixará
de ser feito, é a areia fina com que sempre nos tentam toldar a visão, ou seja,
o entendimento.
No passado fim-de-semana reuniu-se em Lisboa a cimeira
União Europeia (UE) - África. Nas televisões vi e ouvi representantes do
governo português contentes e felizes pela iniciativa, uma vitória da
diplomacia portuguesa, diziam. Nas televisões e nas rádios ouvi falar na nova
era nas relações UE-África e nos chamados "Acordos de Parceria
Económica".
No passado fim-de-semana ouvi falar de muita coisa, mas
não do que era fundamental e urgente ouvir falar. Ouvi referir a limpeza étnica
no Darfur (noroeste do Sudão), mas nada ouvi sobre o aparecimento duma vontade
determinada por parte da comunidade internacional em lhe pôr fim. Ouvi falar em
confrontos tribais, mas ninguém explicou como é que pastores nómadas fazem
bombardeamentos aéreos. Vi e ouvi diplomatas carpir mágoas pelas mortes no
Darfur, mas ninguém falou nas armas e nas balas chinesas que provocam essas
mortes.